APRESENTAÇÃO
A Constituição Federal de 1988 inseriu a
Assistência Social no leque das Políticas Públicas de Proteção Social e no tripé
da Seguridade Social no Brasil. A LOAS em 1993 regulamentou esta política
indicando suas diretrizes, seus objetivos e suas ações: serviços, programas,
projetos e benefícios. Representou significativo avanço ao instituir o direito
ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e criar o Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS) como órgão de controle social obrigatório e
paritário.
Entretanto, foi a partir de 2004 que se operou um dos maiores avanços do ponto
de vista da organização e normatização da Política Pública de Assistência
Social no Brasil. A publicação da PNAS pela resolução CNAS 145/2004, seguida pela
publicação da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social
(NOB/SUAS) 2005, da NOB de Recursos Humanos (NOB/RH-SUAS) em 2007, alteração da
Lei 8.742/93 pela Lei 12.435 de 6 de Julho de 2011 conferiram um novo desenho
institucional a política, consolidando o SUAS.
A organização do SUAS é um marco do ponto de vista do reconhecimento da
Assistência Social como política publica e aponta na direção de mudanças
na gestão do trabalho na política, no aumento da profissionalização e no
combate a precarização (desprecarização) das relações de trabalho.
No entanto, o avanço do ponto de vista da organização do sistema
não se materializou em condições de trabalho adequadas para as diversas
categorias profissionais que atuam no SUAS, não findou com a precarização
do trabalho mantendo vínculos empregatícios frágeis,
sem o estatuto de servidores públicos concursados aos trabalhadoras e
trabalhadores do SUAS, por vezes até sem
direitos trabalhistas. A MUNIC de 2009 aponta que aproximadamente metade
dos trabalhadoras e trabalhadores do
SUAS (44,6%) não possuem vínculo permanente com a Política de Assistência
Social. A participação política também sofre com a instabilidade das relações
de trabalho alimentando práticas clientelistas e assédio moral por parte de
chefias e direções. A descontinuidade da política é alimentada pelos
baixos salários juntamente a falta de plano de cargos, carreira e salário,
gerando uma lógica perversa de êxodo de profissionais, que transitam em busca
de melhor remuneração e condições de trabalho.
As diversas dificuldades encontradas no cotidiano dos profissionais do SUAS
colocam na ordem do dia a necessidade da organização dos seus trabalhadoras
e trabalhadores . É urgente a constituição de um campo social e político
atuante na defesa de um sistema único de assistência social que seja capaz de
garantir condições éticas e técnicas de trabalho e remuneração adequada com
vistas a luta pela garantia de direitos e para a construção de um Brasil onde não
mais persistam os alarmantes níveis de desigualdade social.
A partir destas demandas, após articulação na VII Conferência
Nacional de Assistência Social entre entidades representativas dos trabalhadoras
e trabalhadores do SUAS, foi criado o Fórum
Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores do SUAS (FNTSUAS), culminando na
realização do I Encontro Nacional de Trabalhadoras e trabalhadores do SUAS em março de 2011 com a escolha
da coordenação nacional do FNTSUAS e a aprovação da Minuta provisória da Carta
de Princípios e Minuta do Regimento Interno.
CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA
A política de assistência social é de suma importância para contribuir na
reversão das desigualdades e na garantia de uma distribuição mais equitativa de
riqueza e renda no Brasil.
Compreendemos a organização dos trabalhadoras e trabalhadores do SUAS como um movimento social que visa a
construção coletiva de processos de luta em parceria com os
usuários e demais organizações da sociedade civil que comunguem das mesmas
bandeiras. Entendemos que este é um possível caminho para a consolidação de uma
política de Assistência Social comprometida com a garantia e acesso a direitos
sociais e melhoria das condições de trabalho.
O FETSUAS/RJ é um movimento social que congrega trabalhadoras e
trabalhadores do SUAS e seus respectivos
conselhos profissionais, sindicatos, associações profissionais e demais
entidades de categorias envolvidas diretamente com a operacionalização do SUAS
nos municípios e no estado do Rio de Janeiro. A construção de espaços de debate
massivos que contemplam a participação direta dos trabalhadoras e trabalhadores
do SUAS, onde ocorra a discussão
democrática com a mais ampla autonomia, é a base da nossa unidade de ação.
A política de Assistência Social não é a única política de
proteção social, por isso é importante efetivar a articulação com as demais
políticas setoriais. Combatemos todo intento de transferir competências de
outras políticas para a área da assistência social, transferência esta, que
edifica a Assistencialização das politicas sociais.
uma proteção social de caráter focalista, na contramão do que
preceitua a CF de 1988.
A defesa de avanços na política de Assistência Social está
profundamente ligada a defesa de uma política econômica que amplie postos de
trabalho e reduza as jornadas, está associada a luta por garantia de
atendimento de qualidade no SUS, ao acesso universal a justiça, a defesa
intransigente dos direitos humanos, e a defesa da previdência social.
Defender os trabalhadoras e trabalhadores do SUAS, é também defender o conjunto da
classe trabalhadora e associar-se na sua luta por uma sociedade mais
igualitária.
Acreditamos que a interdisciplinaridade deve ser valorizada em
todos os momentos, respeitando-se as particularidades de cada campo
profissional e construindo relações horizontais entre as categorias. A unidade
de diferentes categorias profissionais torna-se elemento central para que
construamos o SUAS que queremos.
OBJETIVOS e BANDEIRAS DE LUTA
§ Atuar
politicamente nos espaços de controle social;
§ Articular-se
com demais atores da sociedade civil com fins de garantir a ampliação de
direitos dos trabalhadores e usuários do SUAS.
§ Ser um
espaço de acúmulo político e construção de estratégias de lutas dos trabalhadoras
e trabalhadores do SUAS.
§ Socializar
informações e experiências exitosas na implementação do SUAS.
§ Lutar
por garantias de condições dignas de trabalho que respeite as legislações
profissionais e demais legislações do SUAS, necessárias para contribuir na
materialização dos princípios da Política de Assistência Social.
§ Levar
ao conhecimento dos órgãos competentes, sempre que provocado, as
irregularidades identificadas na gestão do trabalho no SUAS.
§ Promover
espaços de discussão/debate sobre a questão do trabalho e demais dimensões da política
de Assistência Social.
§ Ampliar
o debate sobre a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, e demais
normativas, reavaliando-as continuamente para possíveis avanços da política.
§ Buscar
implementação de políticas para a saúde dos trabalhadoras e trabalhadores do SUAS
§ Defender
que a gestão do SUAS seja realizada exclusivamente por profissionais do SUAS.
§ Provocar,
exigir e fomentar espaços de qualificação profissional.
§ Lutar
pelo direito a capacitação continuada em horário de trabalho.
§ Defender
que as equipes profissionais sejam compostas de acordo com as demandas de cada
serviço, sem sobrecarregar nenhum profissional e respeitando as atribuições
previstas nas diversas legislações profissionais.
§ Lutar
pelo fim da precarização das relações de trabalho, para que todo trabalhador do
SUAS tenha garantidos seus direitos trabalhistas.
§ Defender
jornada de trabalho de no máximo 30 horas, para todos os trabalhadoras e
trabalhadores do SUAS.
§ Defender
piso salarial mínimo estadual para todos os trabalhadoras e trabalhadores do SUAS., no serviço público, entidades
privadas (inclusive filantrópicas),
respeitando as conquistas de cada categoria.
§ Defender
a Resolução CNAS 17/2011 contrapondo-se a lógica de contratação para cargos
genéricos.
§ Defender
a realização de concursos públicos específicos para Assistência Social com
contratação de Trabalhadoras e trabalhadores com vínculos estatutários.
§ Defender
a concretização da NOB RH SUAS.
§ Lutar
pela efetivação de Planos de Cargos Carreiras e Salários para os trabalhadoras
e trabalhadores do SUAS nos diferentes
níveis de gestão.
§ Defender
a imediata implementação das Mesas Nacional, Estadual e Municipais de
Negociação Permanente do SUAS e lutar pela garantia da efetividade das
pactuações.
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